quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Amolador


Hoje de manhã, com o sol a lamber as ruas e a dar brilho aos cabelos, as pessoas cheiravam todas bem: shampôs de cascatas tropicais e aromas artificiais combinavam bem com as ruas lavadas pela chuva intensa dos últimos dias.

Um amolador tinha a sua bicicleta estacionada num canto daquela rua pedonal, junto a um caixote do lixo. Apanhava guarda-chuvas estragados e arrumava-os criteriosamente numa rede instalada junto ao quadro da bicicleta.

Ali, ao sol, ele fazia o rescaldo dos últimos dias, pedalando para reparar varetas partidas. Sem grande tecnologia, sem ocupar muito espaço, sem grande publicidade (além do som de uma gaita a anunciá-lo), ele trazia à rua mais esperança do que o próprio sol.
E a chuva que vier já não o molhará nesta manhã clara em que ele saiu à rua e ressuscitou destroços.

Sem comentários:

Enviar um comentário