Eu, o Vitor e a Andreia chegámos a Vidago perto das 11h de
Sábado, dia 9 de Março. Decidimos começar exatamente no ponto onde tínhamos
terminado a última etapa e, apesar de não encontrarmos qualquer seta amarela,
fomos seguindo na direção que nos
parecia a correta, próximo da antiga linha de
comboio, na esperança de encontrarmos o rumo em breve.
Passámos numa lavandaria e perguntámos indicações para o
caminho, não sabiam, mas deram-nos o nome do dono de um restaurante em Chaves
que já tinha feito o caminho e nos poderia dar algumas indicações quando lá
chegássemos. Aproveitámos para pedir carimbos para as nossas credenciais.
Continuámos pela estrada e depois descemos para um caminho
naquela que nos pareceu a direção de Chaves, mas esse caminho levou-nos para
uma propriedade privada. Definitivamente, estávamos enganados e não tivemos
outro remédio a não ser voltar para trás à procura das setas amarelas. E só no
centro de Vidago conseguimos ajuda de um bombeiro que nos disse que o caminho
seguia precisamente na direção contrária àquela que tínhamos seguido. Saímos da
vila e fomos seguindo por Candal em direção à serra.
Os quilómetros seguintes foram sempre a subir, com alguns
chuviscos, mas nada de especial comparado com as previsões para esse dia. A
subida aqueceu-nos e só parou em S. Pedro de Agostém, a partir dali o caminho
seria a descer até chegarmos a Chaves. Já quase à chegada, fomos surpreendidos
por uma forte carga de água. Aproveitámos o abrigo à entrada de uma fábrica
para comermos a comida que levávamos para o almoço.
Os últimos quilómetros foram percorridos ao longo da Estrada
Nacional já no perímetro urbano. Depois seguimos por um parque que nos levou
até ao rio. Envergávamos as nossas capas de chuva e causávamos estranheza a
quem connosco se cruzava. Quando nos preparávamos para atravessar a ponte
romana sobre o rio Tâmega, a chuva era tão forte que nos obrigou a esperar
junto à soleira de uma loja. Cruzámo-nos depois com um indivíduo que nos perscrutou
com muita atenção. Mais à frente, perguntámos onde ficava a Pensão Flávia, equiparada
a albergue de peregrinos -onde iríamos dormir nessa noite. Estávamos perto, mas
quando chegámos, ansiosos por vestir e calçar alguma coisa seca, deparámo-nos
com as suas portas fechadas. Ficámos a saber que só reabria às 17h (eram 15h) e
que tínhamos primeiro de ir aos bombeiros carimbar a nossa credencial de
peregrino. Fizemos o caminho inverso, atravessando novamente a ponte romana e
voltando a cruzar-nos aí com o mesmo indivíduo que agora nos pediu dinheiro.
Como faltava muito tempo para abrir a pensão decidimos ir
procurar o restaurante que nos tinham indicado em Vidago para trocar algumas
impressões com o seu dono e tomar café, enquanto esperávamos num sítio
quentinho. Percorremos toda a zona das Caldas, consoante nos tinham dito, mas
não encontrámos o local. Continuámos a deambular pela cidade, só parando na
igreja matriz e no castelo, onde nos deliciámos com as vistas. Depois andámos
pelas ruas principais, vimos lojas e acercámo-nos da rua da pensão, percebendo
que existiam ali muitos bares e discotecas. A noite prometia.
Esperámos nas escadas de um prédio em frente até aparecer o
dono da pensão e nos receber. Instalámo-nos confortavelmente e descansámos.
Depois fizemos serventia da cozinha e comemos mais comida que tínhamos levado.
Como era cedo, descemos até ao café da pensão e jogámos dominó. O dono veio ter
connosco e deu-nos algumas indicações para o caminho do dia seguinte, uma vez
que já tinha feito o Caminho de Santiago várias vezes de bicicleta e a pé.
Deitámo-nos e
adormecemos cedo, mas várias vezes durante a noite fomos acordados com gritaria
que vinha da rua e do quarto ao lado, onde um grupo de jovens continuava a
festa que tinha terminado nos estabelecimentos de diversão noturna.
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