domingo, 31 de março de 2013

Allariz - Ourense (22km) Via de la Plata

"Não cessaremos de explorar e o fim de toda a exploração será chegar onde começámos. E conhecer o lugar pela primeira vez."

Eu, a Andreia e o Vitor saímos de Vila Real para Allariz de carro no Sábado, dia 23 de Março, pouco antes das 7h. Acordámos cedo e perdemos 1 hora com a entrada em Espanha, mas às 9h15 já estávamos em frente ao Albergue de Allariz onde tinham dormido os nossos primeiros companheiros de caminho: a Karina, a Xana e o Guilherme e ainda 2 amigos que os tinham ido levar e nos acompanharam nos primeiros quilómetros. O carro ficaria ali estacionado durante os dias seguintes. Cumprimentos, apresentações e começámos logo a caminhar.
Pelo meio da vila, assistimos ao sono eterno do granito e da cantonaria. Nem vivalma nem setas amarelas. Os nossos passos ecoavam nas paredes da catedral, das igrejas e das casas senhoriais orgulhosamente estendidas ao longo das ruas.
Depois, o rio e o verde falaram-nos da Reserva da Biosfera que nos esperava. Atravessámos a ponte romana e os nossos olhos ora procuravam indicações a seguir ora se regalavam com a beleza daquele conjunto arquitetónico e natural. E foi na ponte que nos apareceu o primeiro anjo: a senhora com as indicações certas. E a verdade é que logo a seguir encontrámos o 1.º marco de granito que apontava o caminho com uma vieira amarela sob um fundo azul e em baixo tinha o número de quilómetros até Santiago: 128,945km. O caminho seguia pelas aldeias e furava bosques maravilhosos de carvalhos e muito verde. Várias flores despontavam e anunciavam a primavera. As mimosas traziam-nos um perfume tão doce que chegava à alma.
Não tardou até termos de meter os pés em poças de água dos caminhos que estavam alagados. Para evitar molhar mais os pés, saltámos muros e seguimos por cima das pedras. E também não tardou até chover, mas nada que nos tivesse atrapalhado. As nossas capas da chuva saíram da mochila para não mais voltarem.
Depois de muitos quilómetros percorridos, tínhamos já deixado o concelho de Allariz e entrado nas primeiras aldeias de Ourense, quando chegámos à zona industrial de San Cibran, onde havia um abrigo do caminho: um telheiro com uma mesa e bancos de madeira. Ao lado havia uma fonte. Parámos para almoçar e escapámos assim de uma carga de água que caiu com toda a força. Analisámos o mapa do caminho que estava ali exposto e fizemos planos sobre as etapas dos dias seguintes.
Quase na entrada da cidade, fomos abordados por uma senhora muito gentil que nos deu rebuçados e nos incentivou a cantar. A Karina e a Xana já o tinham feito espontaneamente antes e depois continuaram.
Entrámos em Ourense já cansados e atravessámos uma avenida que parecia não ter fim à procura do albergue que viemos a descobrir que se localizava num antigo convento de S. Francisco. Lidámos com tolerância com as observações pouco gentis relativamente aos portugueses do rapaz que nos atendeu.
Depois de tomarmos banho e descansarmos um pouco, fomos ao supermercado comprar comida para cozinharmos o jantar prepararmos sandes para o dia seguinte. Conhecemos então os nossos restantes companheiros de caminho que tinham chegado de Lisboa e nos acompanhariam no dia seguinte: a Andreia, o Jorge, o Rui, a Marina e o Pedro.
O albergue estava cheio, muita gente de várias nacionalidades estava também a fazer o caminho e essa noite foi complicada. Foi difícil dormir com o ressonar de um colega da camarata vizinha.

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