Eu, a Andreia e o Vitor saímos de
Vila Real para Allariz de carro no Sábado, dia 23 de Março, pouco antes das 7h.
Acordámos cedo e perdemos 1 hora com a entrada em Espanha, mas às 9h15 já
estávamos em frente ao Albergue de Allariz onde tinham dormido os nossos
primeiros companheiros de caminho: a Karina, a Xana e o Guilherme e ainda 2
amigos que os tinham ido levar e nos acompanharam nos primeiros quilómetros. O
carro ficaria ali estacionado durante os dias seguintes. Cumprimentos,
apresentações e começámos logo a caminhar.
Pelo meio da vila, assistimos ao
sono eterno do granito e da cantonaria. Nem vivalma nem setas amarelas. Os nossos
passos ecoavam nas paredes da catedral, das igrejas e das casas senhoriais
orgulhosamente estendidas ao longo das ruas.
Depois, o rio e o verde
falaram-nos da Reserva da Biosfera que nos esperava. Atravessámos a ponte
romana e os nossos olhos ora procuravam indicações a seguir ora se regalavam
com a beleza daquele conjunto arquitetónico e natural. E foi na ponte que nos
apareceu o primeiro anjo: a senhora com as indicações certas. E a verdade é que
logo a seguir encontrámos o 1.º marco de granito que apontava o caminho com uma
vieira amarela sob um fundo azul e em baixo tinha o número de quilómetros até
Santiago: 128,945km. O caminho seguia pelas aldeias e furava bosques
maravilhosos de carvalhos e muito verde. Várias flores despontavam e anunciavam
a primavera. As mimosas traziam-nos um perfume tão doce que chegava à alma.
Não tardou até termos de meter os
pés em poças de água dos caminhos que estavam alagados. Para evitar molhar mais
os pés, saltámos muros e seguimos por cima das pedras. E também não tardou até
chover, mas nada que nos tivesse atrapalhado. As nossas capas da chuva saíram
da mochila para não mais voltarem.
Depois de muitos quilómetros
percorridos, tínhamos já deixado o concelho de Allariz e entrado nas primeiras
aldeias de Ourense, quando chegámos à zona industrial de San Cibran, onde havia
um abrigo do caminho: um telheiro com uma mesa e bancos de madeira. Ao lado
havia uma fonte. Parámos para almoçar e escapámos assim de uma carga de água
que caiu com toda a força. Analisámos o mapa do caminho que estava ali exposto
e fizemos planos sobre as etapas dos dias seguintes.
Quase na entrada da cidade, fomos
abordados por uma senhora muito gentil que nos deu rebuçados e nos incentivou a
cantar. A Karina e a Xana já o tinham feito espontaneamente antes e depois
continuaram.
Entrámos em Ourense já cansados e
atravessámos uma avenida que parecia não ter fim à procura do albergue que
viemos a descobrir que se localizava num antigo convento de S. Francisco.
Lidámos com tolerância com as observações pouco gentis relativamente aos portugueses
do rapaz que nos atendeu.
Depois de tomarmos banho e
descansarmos um pouco, fomos ao supermercado comprar comida para cozinharmos o
jantar prepararmos sandes para o dia seguinte. Conhecemos então os nossos
restantes companheiros de caminho que tinham chegado de Lisboa e nos acompanhariam
no dia seguinte: a Andreia, o Jorge, o Rui, a Marina e o Pedro.
O albergue estava cheio, muita
gente de várias nacionalidades estava também a fazer o caminho e essa noite foi
complicada. Foi difícil dormir com o ressonar de um colega da camarata vizinha.
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