Acordámos cedo, com sono, mas determinados. Calçámos as
nossas sapatilhas húmidas e metemo-nos ao caminho, voltando a atravessar a
cidade de Chaves em direção ao castelo. Chovia incessantemente e não tardou
muito até voltarmos a ficar com os pés molhados. As nossas capas da chuva agora
não assustavam ninguém porque não havia vivalma àquela hora em que o dia ainda
amanhecia.
Saindo do perímetro urbano, fomos seguindo por estradas
municipais, cruzando várias aldeias cheias de história. Impressionou-nos a
harmonia do Outeiro Seco.
Depois subimos rente à Escola Superior de Enfermagem e mais
a cima pelo meio do Parque Industrial. Já havia terras de Espanha à vista, mas
para as alcançarmos precisámos de atravessar várias aldeias: Vila Meã,
Vilarinho da Raia e depois Vilarelho da Raia. Nesta aldeia vimos um marco com
um P esculpido, imaginei que se tratava de um marco da fronteira e decidi
espreitar o outro lado da pedra para confirmar se tinha um E. Fartámo-nos de
rir quando no exato momento em que dei um passo em frente recebi uma mensagem
no telemóvel de uma operadora a informar-me sobre as tarifas em Espanha.
Afinal não passámos em Vila Verde da Raia, como nos tinha
dito o dono da pensão. Estávamos já mais a Norte e não tardou a avistarmos ao
longe a cidade de Verin, destino daquela etapa.
A chuva naquele dia foi implacável, não nos deu tréguas e
foi a nossa fiel companheira.
Circundávamos o Tâmega quando cruzámos a primeira aldeia
espanhola, Rabal, e partir dali até Verin havíamos de seguir sempre o seu
curso.
Apesar de as indicações que nos deram na pensão não estarem
a bater certo, o cansaço apertava e optámos por ir pela estrada em vez de
seguir o caminho, no intuito de pouparmos alguns quilómetros, como nos tinham
aconselhado.
Os 10 km que se seguiram foram muito difíceis, sempre ao
lado da estrada, por onde passavam carros e camiões a alta velocidade,
molhando-nos ainda mais e desesperando-nos com o seu barulho.
De repente, ouvimos música. Olhámos e vimos um daqueles
carros que não precisam de carta de condução, os chamados “papa-reformas”.
Apesar de irmos numa reta, o carro ia aos esses e mais à frente acreditámos que
se ia despistar, pois ia completamente pela berma. Se fosse na nossa mão
ter-nos-ia apanhado. Cruzou-se com um camião e desviou-se ainda mais. Deixámos de
o ver na curva que se seguiu, mas estávamos assustados.
Mais alguns quilómetros, muita chuva e algumas dores à
frente, passámos por baixo da autoestrada das Rias Baixas que segue até Vigo. Estávamos
à entrada de Verin. Agradecemos quando o vimos o carro do Pedro, a nossa boleia
até Vila Real. E assim terminámos a 4.ª etapa.
As 2 seguintes vão ser saltadas. Queremos fazê-las daqui a
uns meses. Para já, esperam-nos 5 dias seguidos, de Allariz a Santiago, já na
chamada “Via de la Plata”.
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